Alimentos da Mesa de Natal Eslovena

potica

Não se pode falar em unanimidade na composição da mesa de Natal Eslovena. Possivelmente fruto de nossa vida ancestral vivendo em grupos em montanhas, as vezes isolados geograficamente, levou os eslovenos a diferenças culturais diversas, dialetos, costumes, e a gastronomia. Assim, mesmo hoje, habitando um solo comum, muitos são os detalhes culturais. Mas a Potica, segundo estudiosos, dentre eles Janez Bogataj que já visitou nossa comunidade, é o denominador comum da mesa natalina. Mas ela não é o único prato.

Voltando um pouco, uma tradição antiga, é o preparo do pão da Natal, que paradoxalmente vem de tempos pagãos e era usado para celebrar a chegada do solstício de inverno, marcando o inicio dessa estação. No hemisfério norte ocorre em 20 ou 21 de dezembro, é a noite mais longa do ano. Era preparado com farinha branca simbolizava o desejo de saúde e abundância no ano novo. Saltando no tempo, vindo para a contemporaneidade, e deixando claro que aqui tentarei resgatar em exíguas linhas, um pouco do natal segundo o que aprendemos em nossa tradição oral em nossa casa no Brasil, apesar de 120 anos por aqui, autenticado por nossa experiência nas comemorações natalinas na casa de nossos parentes em Belsko (perto de Postojna, Notranjska). Certamente trata-se de um ritual em um pequeno vilarejo.

Apesar da brevidade que este texto requer, é preciso voltar um pouquinho no calendário atual dos eventos na Eslovênia para circunstanciarmos a mesa de Natal daquele nosso país. Entre o termino do Martinovanje (11 de novembro) até o Carnaval, acontece um período de uma tradição secular chamado de Koline. Em novembro, o trabalho na agricultura já terminou, o céu começa a ficar mais cinzento, as folhas amarelas, avermelhadas estão pelo chão, o frio se aproxima, quando as folhas são cobertas pelo tapete branco deixado pela neve no chão. A essa altura, nos campos, os alimentos já foram colhidos e guardados, in natura, ou por meio processos de conservação diversos. A fartura de ervas e raízes frescas para alimentar os animais também deixa de existir, é hora de diminuir o rebanho, principalmente os de pequeno porte. Acontece então o chamado Koline, que compreende o abate dos porcos e a preparação de muitas iguarias com as carnes obtidas: salames, linguiças, chouriços, carnes defumadas, salga do futuro presunto cru etc. O clima favorece da época propicia um ambiente de refrigeração natural, ideal para a manipulação, conservação e inicio do processo de cura das carnes. Mas o Koline não é apenas abater e produzir! Trata‐se de um ritual que em cada casa dura de 2 a 3 dias. É um evento de trabalho, gastronômico, mas também social, pois para ajudar chegam os vizinhos, amigos e parentes. São muitas tarefas acontecendo num clima de muita alegria, camaradagem, brincadeiras e alegria, potencializada pelo consumo sempre de algumas doses de aguardente de frutas (Šnops) e bons vinhos, as vezes de produção própria.

šnops

Embora, como escrito acima, esse período do Koline vá até o Carnaval, grande parte das famílias o realizam antes do Natal. Está aí uma importante fonte do abastecimento dos alimentos da mesa natalina. Em termos de cardápio, poderíamos dividir o conteúdo em três serviços:

  • APERITIVO – um belo prato de produtos da carne fatiados, ou como nós chamamos aqui no Brasil, tábua de frios, contendo: carnes defumadas fatiadas, linguiças secas cozidas, salames, presuntos, queijos, zaseka (um tipo de patê de panceta defumada), ovos cozidos, raiz forte (hren), mostarda e diversos tipos de pão. Parte desses alimentos podem até ser consumidos antes mesmo da hora da ceia, para abrandar a fome.
  • depois, como ENTRADA é servida a sopa. Normalmente um tipo de Consommé, (para alguns isso é um tipo de sopa rala!) um caldo feito a base de carnes bovinas e suína com ossos (cozidas lentamente) ao qual se adiciona macarrão caseiro ou bolinhas (Knödel) feitas com semolina ou farinha de rosca.
  • e por fim, OS PRATOS PRINCIPAIS: salada verde com tomate e cebolas em rodelas, kranjska klobasa cozidas, costeletas ou lombos de porco assados com batatas coradas, chouriço, chucrute refogado, linguiças frescas assadas ou cozidas, perú ou frango assado e diversos tipos de pão. Certamente a variedade de alimentos na mesa pode ser maior ou menor, mas eu diria que no mínimo haveria alguma linguiça e carne suína assada, ou frita à milanesa, pão e vinho.
kranjska klobasa

Mas não são só carnes, ou pratos salgados que compõe a mesa, doces também fazem parte importante. A Potica é sem dúvida rainha da noite, acompanhada de um séquito de bolachinhas, biscoitinho doces – (Božične Piškotke) e aí, a variedade de ingredientes e formatos é grande. Marcam presença as preparados com frutas secas, notadamente nozes. Outros tipos de doces, como as tortas também compõe a mesa. Tudo isso regado a bons vinhos, sucos e refrigerantes. Para os católicos professantes, a ceia é servida após a meia noite, ou após o retorno da missa do galo. O que sobra fica para o dia seguinte, quando as carnes assadas nem sempre aquecidas, normalmente são fatiadas e consumidas com pão.

božične piškotke

À mesa da noite de Natal estarão presentes principalmente os familiares e parentes mais próximos. Isso não significa que os amigos não participem das comemorações e de suas delícias. Esses costumam passar pelas casas, na véspera ou no dia de Natal, para uma visita rápida (as vezes nem tanto!) para cumprimentar pela data, quando são recebidos com uma mesa onde estão frios fatiados, linguiças , pães e muito vinho. Depois de comer e de uma boa conversa, onde flui de tudo e a amizade é realimentada, lá se vão para outra visita.

Falei dos sabores, mas antes de fechar esse texto preciso falar de outros sentidos: olfato e audição. Na casa eslovena o aroma da Potica assando no forno marca o período festivo, e nos vilarejos, quando se caminha pelas ruelas estreitas sobre a neve, um festival de aromas pode ser sentido ao passar próximos às casas. Apesar das portas e janelas fechadas, a fumacinha que sai pelas chaminés exporta um pouco do delicioso aroma da cozinha, tudo isso, acompanhado de sons da sanfona das canções típicas. Talvez isso, em virtude que nossa memória olfativa, nos marque tanto quanto o sabor das mesas, e então, de vez em quando, mesmo longe dos vilarejos, do outro lado do oceano, pequenas rajadas olfativas vindas de não sei onde, nos fazem voltar no espaço e no tempo. Aí, a saudade pega!

Valdeir Vidrik
Dezembro de 2020

Publicado em Geral, Notícia | Com a tag , , , | 1 Comentário

Festa de São Nicolau (Sveti Miklavž) 2020 On-line

CONVITE
É com muita alegria e satisfação que a União dos Eslovenos do Brasil (UEB) convida seus membros e simpatizantes para o Evento Virtual

São Nicolau (Sveti Miklavž) On-line

Sábado
12 de dezembro às 10:00hs

O evento será realizado, via ZOOM, no próximo sábado dia 12 de dezembro às 10:00h.

Para participar do evento clique aqui.

Para instalar o Zoom clique nos links: no Windows, no Android, no iOS.

Entrega de Presentes às Crianças

Este ano o Sveti Miklavž não poderá entregar pessoalmente os presentes às crianças, mas contará com a ajuda dos pais para isto. O momento especial da entrega dos presentes pelas famílias será acompanhado por todos de forma interativa em conjunto com músicas natalinas e muita diversão!

Para organizar a entrega de presentes, solicitamos que as famílias que desejarem participar se manifestem enviando um e-mail de confirmação para o seguinte endereço:

eventos@eslovenia.org.br

PROGRAMAÇÃO

Organizamos uma equipe muitíssima entrosada e ultra dedicada para presenteá-los com uma programação inédita mantendo nossa tradição de uma festa para toda a família!

Teremos uma programação rica para as crianças com contação de histórias, participação de nosso querido Sveti Miklavž, do assustador Parkelj e, para o alívio de todas as crianças, de uma anjinha protetora!

Músicas natalinas eslovenas, com as letras originais e suas traduções, e um clima festivo maravilhoso permitirão que os participantes possam cantar juntos as melodias.

Encerraremos o evento com um breve discurso de agradecimentos, um vídeo como as felicitações de fim de ano de nosso Embaixador e uma apresentação multimídia destacando momentos especiais comemorativos em nossas famílias e em eventos de nossa comunidade!

Serão momentos muito especiais! Participem!

Diretoria UEB

Publicado em Eventos, Geral, UEB | Com a tag , , | Deixe um comentário

Novidades e Lançamento dos Portais UEB

CONVITE

É com muita alegria e satisfação que a União dos Eslovenos do Brasil (UEB) convida seus membros e simpatizantes para o Evento Virtual

Novidades e Lançamento dos Portais UEB

Contaremos com participações especiais

  • Secretário de Estado do Ministério para os Eslovenos no Mundo, Dr. Dejan Valentinčič
  • Embaixador da República da Eslovênia no Brasil, Sr. Gorazd Renčelj
  • Presidente da UEB, Martin Črnugelj
  • Representante da Comunidade Eslovena no Brasil junto ao Conselho do Governo para Eslovenos no Mundo, Valdeir Vidrik
  • Vice Presidente da UEB, Boris Krajnc Alves

Para participar acesse o link abaixo:

https://zoom.us/j/8188010665

Para instalar o Zoom: computador / android / ios

Data: Sábado – 3 de outubro de 2020 – 10:00hs

Participe! Temos muitas novidades para compartilhar com a nossa Comunidade.

Objetivos & Metas

Estamos muitíssimos empenhados através destes lançamentos com a meta de unir toda nossa comunidade de eslovenos, descendentes e simpatizantes espalhados por todo este Brasil em uma comunidade integrada através de ferramentas e recursos tecnológicos!

Dentre as iniciativas que estaremos apresentando destacam-se dois novos portais:

  • Portal Institucional, com foco em divulgação de nossas ações e eventos para o público em geral e referência associativa para novos membros,
  • Portal Intranet exclusivo para associados da União dos Eslovenos do Brasil.

Integrado ao Portal intranet montamos uma biblioteca para armazenamento de nossa memória digital, uma lojinha virtual com ofertas de publicações geradas por nossa comunidade, diversas ferramentas digitais para nossos associados e recursos que viabilizarão desenvolvermos uma rede de relacionamento entre todos nós a nível Brasil.

Participem no evento para conhecer melhor estas ações e desafios
Se não for associado será uma ótima oportunidade para se associar

Vamos escrever juntos a história dos eslovenos no Brasil!

Será um prazer contar com sua presença

Diretoria da UEB

Publicado em Eventos, Geral, UEB | Com a tag , | Deixe um comentário

Aulas Online de Esloveno – 2º Semestre de 2020

Aulas Online de Esloveno

Início das Aulas 2º Semestre 2020

31/Agosto/2020

Aulas On-line patrocinadas pela União dos Eslovenos do Brasil

Oportunidade para todos os nossos membros e simpatizantes iniciar ou aperfeiçoar seus estudos do Idioma Esloveno

————————————-

Turmas & Horários (horário de Brasília):

Segunda-feira: 16:30 – avançado
18:00 – intermediário 2

Terça-feira: 08:00 – básico 1
17:00 – intermediário 1

Quarta-feira – 12:30 – básico 3

Quinta-feira – 19:00 – básico 2

Vagas limitadas: 8 vagas por turma

————————————-

Informações & Inscrição:

Envie e-mail para: aulas@eslovenia.org.br

Indicando:

  • Nome, telefone e e-mail para contato
  • Turma
  • Caso tenha estudado anteriormente: tempo de estudo e data de último contato com o idioma

Detalhes & Material Didático:

Aulas semanais com 1h:30min de duração

Custo mensal: R$110,00 (alunos no Brasil) ou EUR 25,00 (alunos no Exterior)

Livro didático: R$150,00 + envio Sedex

Dicionário: Esloveno – Português – Marijan Brecelj – Editora Buča – Ljubljana 2017 – 455 pag. Valor: R$150,00 + envio Sedex (em 5x de R$30,00)

Publicado em Aula, Geral, UEB | Com a tag | Deixe um comentário

Gastronomia da Páscoa Eslovena Tradicional

Gastronomia da Páscoa Eslovena Tradicional

Por Valdeir R. Vidrik

Vesele velikončne praznike (Feliz Páscoa) autor desconhecido (1)

País de grande maioria cristã, católica, na Eslovênia tradicionalmente comemora-se muito a páscoa, notadamente no ambiente doméstico. Os católicos praticantes tem como costume centenário ir à igreja no dia de páscoa, na missa matinal, levando uma cesta com os alimentos típicos para o almoço, para serem abençoados pelo sacerdote.

Comparada ao Brasil, a Eslovênia é geograficamente um pequeno país, mas sua diversidade cultural é bem variada, desde a língua, linguagem, trajes típicos, canções, artes e outros, dentre os quais, não poderia faltar a gastronomia. Não tendo a intenção de esgotar o assunto, mas mostrar, pelo menos, um pouco dessa gastronomia, optamos por trazer aqui o que em Esloveno se poderia dizer: “Jedi, brez katerih ni velike noči!”, pratos sem os quais não é Páscoa! Essa ressalva é importante para que nossos patrícios de outras regiões não sintam que possíveis diferenças, especificidades, entre localidades não tenham sido percebidas de nossa parte. Na busca desses pratos, procuramos nos colocar não apenas como transcritores do que encontramos nos livros e demais fontes históricas e culturais, mas também, a partir do que aprendemos em nossa vivência na Eslovênia, e em nossos longos bate papos com o ilustre antropólogo, autor e amigo, o professor Janez Bogataj. Escrevemos, portanto, como observadores participantes in loco desse importante evento do calendário cristão e de seus preparativos. O campo real se dá no nosso convívio com parentes e vizinhos da pequena Belsko, na região da Notranjska, quase Primorska, no oeste da Eslovênia, caminho para a Itália e Adriático. Sendo mais preciso, fica há cerca de 8 quilômetros das famosas grutas de Postojna, no caminho para o castelo de Predjamski grad. De lá, em meio às centenárias coníferas, podemos sentir o ar puro, fresco, e ver os campos que formam a rampa que nos leva ao monte São Lourenço. No verão, coberto da relva verde, todo pintado de pequenas flores de harmoniosa coloração, no inverno, o silêncio e o império da neve branca que forma um alvo tapete que vai em direção ao céu. Essa é nossa Belsko.

Mas mesmo tendo esse declarado olhar local, particular, tivemos como premissa elencar aqui pratos que reconhecidamente satisfazem a frase em esloveno mencionada acima, possivelmente com alguma personalização de nossa região. Para possibilitar aos que tiverem interesse em reproduzir nas mesas do Brasil os pratos eslovenos, procuramos, até onde possível, adaptar ingredientes e processos, para os aqui encontrados.

Pratos que não podem faltar

Potica, Šunka, Pirh e Hren são os alimentos que poderíamos chamar de denominadores comuns nas mesas eslovenas de Páscoa. Também na literatura eslovena há citações nesse sentido, mencionando a satisfação que podem trazer a quem esteve por quarenta dias em jejum, fazendo uma alusão ao ano de 1529 quando houve uma terrível fome no território esloveno (2).

Esses alimentos usualmente compõem a cesta levada à igreja (segunda figura) para serem abençoados pelo sacerdote, e depois, consumidos no almaço da Páscoa.

Na cultura eslovena parece haver diferentes interpretações do significado de cada um desses alimentos. No entanto, temos encontrado repetidamente o seguinte:

  • Potica – por ser redondo, simbolizaria a coroa de Cristo;
  • Šunka – o corpo de Cristo;
  • Hren – como é uma raiz pontiaguda, mais ou menos do comprimento de uma cenoura, representam os cravos que prenderam Jesus na cruz, ou ainda, em outra versão, seu aspecto picante, forte, seria o fel que deram para Jesus quando ele, na cruz, pediu água;
  • Pirh – ovos pintados. O ovo para os Cristão passou a ser visto como o símbolo de nova vida, da ressurreição de Cristo, mas há ainda, a menção de que ovos pintados de vermelho, ou vinho, por sua forma e cor, representariam as gotas de sangue derramadas na cruz por Jesus.

Sendo assim, ou não, esses pratos são emblemáticos da Páscoa Eslovena. Vamos apresentar cada um deles a seguir com suas receitas.

Montagem cesta de alimentos da Páscoa

RECEITAS

HREN (RAIZ FORTE)
ŠUNKA
POTICA
PIRH (velikonôčno jajce)

A Páscoa esperança e identidade

Enfim, para os crentes, Páscoa é ressurreição, vitória, é símbolo de fé, renovação da crença de que poderá haver sempre uma esperança, bem ao gosto do que escreve Morris West em sua obra: As sandálias do Pescador, ao materializar em um diálogo de algumas linhas a importância da fé. Neste, em uma dada situação particular, no entanto extrapolável a milhões de pessoas no mundo, narra o autor o bálsamo de um prisioneiro que suportava seus sofrimentos, sua pesada cruz, tinha esperança, continuava vivendo por acreditar que Deus estava olhando por ele, e que, no momento oportuno lhe resgataria e propiciaria uma vida melhor. É a fé viva, esperança ao alcance de todos que creem, muitas vezes a última delas, para tantos, a única possibilidade que resta do improvável, do humanamente impossível, ser conseguido. Por isso, Páscoa é importante para a vida.

Páscoa também é cultura, costume, rituais. Assim como a língua, as canções, as artes, e aqui, mais especificamente os ritos gastronômicos de Páscoa, igualmente representam a cultura de um povo, e contribuem para amalgamar sua identidade una para que possa continuar sendo quem é, e como é. Certamente, esses ritos contribuíram para que o povo esloveno resistisse, onde estivesse, por mais de mil anos até conseguir sua própria pátria. Por isso também a Páscoa é importante! É identidade, é união.

Comemoremos, então, de acordo com os impulsos de nosso DNA Cultural herdado.

Feliz Páscoa a todos!


(1) Fonte: Livro Potice iz Slovenije. Janez Bogataj, Rokus Klett, 2013.
(2) Šege in Pesmi Pod Lipo Domačo – od prosinca do grudna. (nossa tradução: Costumes e canções sob a lipa de casa- de janeiro a dezembro). Dušica Kunaver (org.) Ljubljana, 2003.

Elaborado por Valdeir R. Vidrih, professor universitário Esloveno-Brasileiro, “artisan Charcutier”, descendente de família de mestres charcuteiros eslovenos, recebeu duas vezes diploma de reconhecimento e agradecimento da Embaixada da Eslovênia no Brasil por sua colaboração na divulgação da Cultura Gastronômica Eslovena, é autor de livro: A Arte de Fazer Embutidos e Defumados: a tradição de uma família Eslovena. Editora Canal 6. Bauru, 2 edição, 2018.

Publicado em Geral, Notícia | Com a tag , , , , , | 1 Comentário

PIRH (velikonôčno jajce)

PIRH
(velikonôčno jajce)

Cesta de ovos (pirhi) pintados típica

O ovo é, de um modo geral, um símbolo universal da fertilidade, nascimento e criação, o qual se manifesta por meio da transformação, sendo assim um repositório “de uma nova vida”. Em outras palavras, o ovo simboliza aquele que contém o germe.

Para os Cristãos, o ovo simboliza essa vida nova, consequência da ressurreição de Jesus dentre os mortos. Entretanto, sua origem remota não é exatamente cristã, uma vez que está associada ao mito da deusa da fertilidade anglo-saxã “Eostre”. Segundo a mitologia, na época primaveril, os ovos coloridos e as lebres estavam associados a essa deusa e demonstravam os ritos de fertilidade, de renovação e de renascimento (1).

Mas existe um outro símbolo muito conhecido, o coelho. Sua pertinência à Páscoa teria vindo da passagem na qual Maria Madalena ao chegar ao sepulcro de Jesus, no domingo de manhã posterior à sua morte, com material para ungir o corpo, teria encontrado a sepultura aberta, e dentro, estava um coelho que lá teria ficado preso. Portanto, o primeiro a ver a ressurreição de Cristo, tendo assim, a primazia a informar a ressurreição. Mais à frente no tempo, no século XVII, o médico alemão George Franck von Frankenau escreveu um trabalho científico no qual ligava o coelho à Páscoa. O título era De ovis Paschalibus (sobre os ovos de páscoa). Mais tarde, um jovem fisiologista chamado Richter, aluno e orientado do Dr George Frank, a partir do texto de seu mestre escreveu um ensaio no qual citava: “Na Alsácia e nas regiões vizinhas, esses ovos são chamados de ovos de coelho por causa do mito que é dito para fazer pessoas e crianças simples acreditarem que o coelhinho da Páscoa está colocando e escondendo os ovos na grama dos jardins, é por isso que assim, as crianças os procuram com mais entusiasmo”. Ainda segundo Richter, “esses ovos seriam roxos, vermelhos, amarelos, verdes, multicoloridos e até pintados com desenhos – para alegria e diversão dos mais velhos e deleite dos adultos sorridentes” (2).

Na tradição da Páscoa Cristã eslovena, embora a imagem do coelho seja usada, e muitos ovos de chocolate sejam atualmente consumidos, permanece a tradição dos ovos de galinha pintados. A palavra para eles é pirh, derivada do grego piros, que significa fogo. De um modo geral, não são tão decorados como os ovos da tradição Ucraniana, as Pêssankas (3). Na Eslovênia o costume é tingi-los de diferentes cores, e coloca-los em uma cesta (primeira figura) , ou em árvores (última figura). Mas essa é uma tradição com presença mais forte na Alemanha e Áustria.

Na Eslovênia por ocasião da páscoa encontram-se ovos tingidos nas mais diferentes cores. O vinho Teran e a casca de cebola, são há muito, a base para tingir os ovos em nossa região na Eslovênia. Optamos por detalhar aqui a preparação do čebulni pirhi. Trata-se de tingimento com cascas de cebola. Ficam muito bonitos quando é marcado com pequenas flores e/ou ramos como o da penúltima figura, e fazem o diferencial da mesa de páscoa colocados em uma cesta de vime com alguns capins ou musgos no fundo. Também é uma forma divertida de trabalhar com as crianças, envolvendo pais, avós, tios, sobrinho, toda a família, e assim, manter a tradição eslovena.

Os ovos cozidos são consumidos durante o almoço de Páscoa, mas em alguns bares, cafés e restaurantes, são colocados sobre o balcão para consumo dos clientes.

Ingredientes

  • 6 ovos de galinha brancos ou vermelhos (esses últimos já tem a tonalidade da casca da cebola, facilitando o tingimento)
  • Cascas de cerca de 10 cebolas vermelha médias
  • Óleo de oliva ou de soja ou pedaço de bacon
  • Pequenas flores ou raminhos (de samambaias por exemplo)

Modo de preparo

Ovos cozidos

Lavar bem os ovos com sabão não só para tirar qualquer sujeira, mas também, gorduras diversas, inclusive das mãos, depositadas nas cascas, o que pode atrapalhar a fixação da tinta da cebola.

Cozimento dos ovos:

1a Opção: ovos tingidos sem decoração – Colocar no fundo de uma panela com as cascas de cebola, por cima os ovos e adicionar água fria suficiente para cobrir os ovos. Cozinhar por cerca de 15 minutos após a fervura. O tempo dependerá da quantidade e capacidade da tinta da cebola em tingir os ovos. Após o cozimento, esperar esfriar e secar, para em seguida dar brilho na casca passando um guardanapo de papel com óleo de oliva ou outro óleo. Mais tradicionalmente, isso se faz espalhando uma finíssima camada de gordura suína, esfregando no ovo um pedaço de bacon ou outro tipo de toucinho.

2a Opção: ovos tingidos com decoração. Trata-se de fazer “grudar” na casca dos ovos uma pequena flor, um raminho, uma folhinha de salsa ou coentro etc., a qual deixará sua imagem impressa após cozimento, como mostrado na penúltima figura. Para isso, depois de bem lavado o ovo, grudar com água a folhinha na casca do ovo, e em seguida, amarrar com um pedaço de meia calça para fixar durante o cozimento, ver segunda figura. No nosso caso, usamos um raminho de samambaia. Se for difícil grudar, pode-se usar um pouco de clara de ovo batida como “cola” da folhinha sobre a casa do ovo. Para cozinhar, proceder como na opção 1.

preparação do ovo cozido, decorado

ovo decorado, pintado com tinta de casca de cebolas

Alguns vegetais, chás, frutas, sucos, especiarias, vinho etc. são corantes naturais para tingir os ovos, veja lista abaixo. O modo de tingir é semelhante ao das cebolas. Mesmo com esse tipo de base de tinta, plantas e flores frescas podem ser usadas.

  • Cor azul: mirtilos, suco de uva (dependendo da variedade da uva será a cor e tonalidade)
  • Cor laranja: pimentão vermelho (coloração suave), cenoura, pimentão amarelo (coloração suave).
  • Cor vermelha: casca de cebola roxa, casca ou suco de romã, framboesas, suco de cereja.
  • Marrom ou bege: cascas de cebola, café instantâneo ou pó de café, chá preto.
  • Cor rosa: beterraba vermelha.
  • Amarelo: cascas de laranja ou limão (coloração suave), cominho em pó (coloração suave), açafrão.
  • Cor púrpura clara: suco de uva (dependendo da variedade da será a cor e tonalidade)
  • Roxo: vinho esloveno Teran, chá de hibisco.
  • Verde: espinafre, chá verde, dente de leão, urtiga.
  • Cor verde-amarelada: cascas de maçã de cor amarela (coloração suave).
  • Cor do ouro: Açafrão.

Ovos cozidos recheados

Ao invés de servir os ovos decorados durante a refeição de Páscoa, há os que preferem preparara-los recheados, nesse caso, certamente sem casca. Trata-se de uma receita simples. Há várias receitas, vamos aqui trazer uma que para nós tem “gosto de Eslovênia”.

Ingredientes

  • 6 ovos cozidos;
  • 1/2 cebola pequena picada bem miudinha (corte brunoise)
  • 1 raminho de salsa bem picadinha
  • 2 cebolinhas verdes bem picadinhas
  • Alcaravia (kumina) de preferência triturada ou pó (em torno de 3 a 4 sementes por ovo)
  • Sal, quanto baste
  • 1 colher das de chá de vinagre ou suco de limão
  • Pimenta do reino moída, quanto baste
  • Páprica em pó (apimentada ou não) quanto baste (em torno de 1 colher de café para seis ovos)
  • 1 colher de chá de azeite de oliva

Modo de preparar

Descascar os ovos cozidos e cortar ao meio no sentido longitudinal. É preciso que as duas metades mantenham-se íntegras. Em seguida, tirar as gemas colocando todas em uma mesma vasilha, adicionando todos os condimentos listados acima. Amassar e misturar bem, formando uma pasta. Em seguida, rechear cada metade dos ovos (claras) colocando a pasta preparada no lugar onde ficavam as gemas. Colocar em pratos que podem ter os fundos decorados com raminhos de salsa ou alface picada fina, lembrando o chão verde de um campo.

Ovos vazios para árvores

Como mencionado anteriormente, a árvore de Páscoa (última figura – feita por nossos netos aqui no Brasil há dois anos) é uma tradição com mais força na Alemanha e Áustria, mas também está presente em muitos lares eslovenos e estabelecimentos comerciais. Já no sábado de aleluia são expostas. Nas casas, podem fazer parte de um arranjo de Páscoa, montadas no jardim, ou sobre uma pequena mesa coberta por uma fina toalha, tradicionalmente de linho bordada a mão com motivos relativos à data, do tipo: ovos com cruzes, carneiro, coelho, crucifixos, ou outro motivo, de acordo com a vontade de quem bordou. Isso era a atividade realizada pelas mulheres em sua reclusão em casa durante os longos períodos de inverno. Ao lado da árvore colocada à mesa, são ainda presentes, um castiçal com vela e uma bíblia aberta.

Pequena árvore de Páscoa

Materiais

  • 10 ovos de galinha, esvaziados decorados, tingidos
  • 1 galinho seco de árvore para pendurar os ovos
  • Canetas ponta porosa ou lápis de cor, ou guache para pintar os ovos
  • Linha de costura branca para amarrar os ovos a árvore
  • 10 palitos de dente
  • Cola branca

Modo de preparar

Esvaziamento dos ovos – segurar entre os dedos polegar e indicador da mão direita uma lâmina de faca de mesa que tenha ponta fina. Isso se faz formando uma pinça com os dedos apertando a parte chata da lâmina, deixando sobrar para fora dos dedos a pontinha da faca com cerca de 1 a 2 milímetros, o suficiente para penetrar na casca do ovo sem fazer estragos. Segurar com a outra mão o ovo, escolher uma das extremidades e puncionar dando pequenos golpes com a pontinha da faca. Deve-se abrir um orifício de cerca de 2 a 3 milímetros. Feito isso, virar o ovo e repetir o processo na outra extremidade. Agora com dois orifícios no ovo, introduzir em um deles um palito de dente quase que totalmente dentro do ovo, deve sobrar apenas cerca de um centímetro para fora, o suficiente para segurar com os dedos. Movimentar circularmente o palito dentro do ovo, como se fosse “bater” ou desmanchar a gema e misturar com a clara. Em seguida, tirar os palitos e soprar com força por um dos orifícios de uma das extremidades para esvaziar os ovos. Depois, com cuidado, injetar detergente e um pouquinho de água dentro dos mesmos (usamos em casa uma seringa para injeções sem agulha), chacoalhar bem, esvaziar e colocar em um escorredor com um dos orifícios para baixo para secar.

Durante o tempo de secagem dos ovos, aproveite para preparar o fio que irá prede-los à árvore. Para isso, corte um palito de dentes com cerca de 1 centímetro, amarre um pedaço de linha no meio do palito. Quando os ovos estiverem secos e pintados, esses pedaços de palitos amarrados deverão ser cuidadosamente inseridos em uma das extremidades do ovo, e a linha puxada com cuidado procurando fazer com que o palito fique atravessado no ovo e possa então suportá-lo amarrado à árvore. Pingue uma gota de cola branca no orifício para fixar o palito por dentro atravessado.

Para a pintura, seja com canetas de ponta porosa, aquarela, ou outro, os motivos podem ser religiosos ou ao gosto de quem o faz. As crianças são muito criativas para isso.

Faz parte do texto sobre a Gastronomia de Páscoa Eslovena


(1) Dicionário dos Símbolos.
(2) Fonte: www.royalsociety.org .
(3) Os ovos pintados eslovenos não são os ovos decorados Ucranianos, Pêssankas (ou Pysanca de Pysati – escrever) pintados de modo artístico em multi camadas, usando como técnica para o desenho e delimitação das formas, uma caneta tipo bico de pena, chamada Kitska, abastecida com cera de abelha derretida.

Elaborado por Valdeir R. Vidrih, professor universitário Esloveno-Brasileiro, “artisan Charcutier”, descendente de família de mestres charcuteiros eslovenos, recebeu duas vezes diploma de reconhecimento e agradecimento da Embaixada da Eslovênia no Brasil por sua colaboração na divulgação da Cultura Gastronômica Eslovena, é autor de livro: A Arte de Fazer Embutidos e Defumados: a tradição de uma família Eslovena. Editora Canal 6. Bauru, 2 edição, 2018.

Publicado em Geral, Notícia | Com a tag , , | Deixe um comentário

POTICA

POTICA

Orehova potica (potica de nozes) forma redonda e reta

É de um longe um dos alimentos de festa mais conhecidos em toda a Eslovênia e em seus vizinhos limítrofes. As primeiras citações escritas relativas ao que viria a ser a potica, ou seja, sobre um pão, ou inicialmente torta enrolada, datam de 1409, quando a Gubana (torta enrolada) foi servida para o Papa Gregorio XII em sua visita a Cividale, região do Friuli-Venezia Giulia, província de Udine. Seu nome, potica, provavelmente vem da palavra povtica ou povetica, que seriam derivadas do particípio passado do verbo poviti, que significa enrolar (1).

Embora sejam conhecidas como sendo doces, há ainda potica salgada e modernamente com uma variedade de recheios. Chama a atenção para os Brasileiros, a potica recheada com estragão ou em esloveno pehtran, pois essa erva e aqui e em muitos países, especifica para temperar carnes e molhos, como o famoso molho Béarnaise francês. No entanto, pode-se dizer que a mais famosa, ou mais típica, seja a potica de nozes ou Orehova Potica. Embora sua base sejam as nozes e as receitas muito conhecidas, como em outras artes, há uma certa personalização dependendo de quem as prepara. Assim, nas famílias, nos vilarejos, há sempre pessoas de destaque pela potica que fazem. São detalhes da massa, do fermento utilizado, tempo, método e processo de crescimento da massa, tipo de farinha, espessura as camadas, quantidade de recheio, umidade, maciez, cor, forma etc. No recheio, por exemplo, há os que adicionam bolachas tipo de leite trituradas fino, ou farinha de rosca, buscando com isso um recheio mais grosso e denso. Há os que adicionam rum, anis, creme de leite, clara de ovos batidas, mel, e os que usam apenas nozes e açúcar ou mel. É comum nas casas de camponeses mais tradicionais até hoje, ver cestos com fatias de pão amanhecido no beiral de janelas, na parte de dentro, vizinho do vidro, ali colocadas para secar ao sol. Depois podem ser torradas ou simplesmente amassadas por um pau de macarrão para virar a farinha de rosca a ser usada inclusive para incorporar ao recheio de potica. Truques de como cobrir a massa para crescer são também variados, e por aí vai, cada um com sua arte. Quando é inverno, no Natal por exemplo, é comum colocar a massa para crescer dentro de tigelas de barro, enroladas em toalhas ou pequenos cobertores, e colocar sobre a parte superior de algum aquecedor de ambiente. Enfim há todo um ritual para a manutenção da fama de uma boa potica e para a sorte dos comensais, pois quando é bem feita, bem recheada transforma qualquer momento em festa. Para nós, mesmo aqui no Brasil, o aroma de potica assando no ambiente é sinal de festa, de alegria. Não há páscoa nem natal sem esse aroma.

Os imigrantes que para cá vieram para trabalhar no interior do país, na lavoura de café em grande parte, não tinham acesso aos bons empórios da época, abasteciam-se nos pequenos negócios das também pequenas cidades vizinhas das fazendas onde moravam, isso na melhor hipótese, pois do contrário, tinham que se contentar com o oferecido nos pequenos pontos de abastecimentos de víveres dentro da própria fazenda, pagando altos preços para serem descontados em seus baixos salários. Não dispunham, portanto, de nozes. A solução para o recheio da potica era utilizar o amendoim, adoçado com rapadura ralada ou açúcar mascavo, sem bolachas e pães, esses não sobravam a ponto de ficarem secos! Essa receita acabou identificando o que seria a de potica para muitos descendentes de eslovenos que aqui nasceram e vivem, e não tiveram a oportunidade de conhecer a original. Muitos dos descendentes que não falam a língua chamam a potica de pão de amendoim. Em casa, depois que nossos antepassados conseguiram sair da fazenda, nossa família passou a morar na cidade, mas nosso poder aquisitivo não permitia a compra das importadas nozes, também para nós o amendoim era a solução. Mas o aroma de festa era o mesmo, era “cheiro” de Natal, Ano Novo, Casamentos e outros. Como não eram frequentes, nós crianças costumávamos comer calmamente para durar mais tempo, desenrolando cada espiral da nossa fatia e comendo em pequenos pedaços.

Receita

Essa receita é fruto de adaptações e constantes melhorias, notadamente no processo de produção, sempre feito por minha esposa Alais Vidrik que a prepara para todos nossos eventos familiares. Serviram como fonte primária meus pais, Olga e Luiz Vidrih, a partir do que aprenderam com nossa avó Johanna. Depois vieram nossa experiência com nossos parentes em Belsko, e, mais recentemente, foram agregadas contribuições oriundas dos livros e comentários elogiosos do professor Janez Bogataj após degustação de nossa potica. Não podemos esquecer ainda, a colaboração da prima do Sr. Martin Crnugelj, a Sra. Jožica Kifnar de Ljubljana, que nos presenteou com uma receita manuscrita cuidadosamente detalhada. Mesmo assim, possivelmente, cada um dos leitores experientes terá, à sua maneira, algo a comentar, acrescentar, tirar, enfim modificar. Portanto, que não seja entendido o que aqui apresentamos com sendo “a receita”, mas sim, apenas, como a usada em casa.

Massa

  • 1kg de farinha de trigo
  • 3 colheres de sopa de leite morno (apenas para diluir o fermento)
  • 1 colher de chá de açúcar (apenas para diluir o fermento)
  • 20 gramas de fermento biológico (para pão)
  • 400 ml de leite morno
  • 100 gramas de manteiga
  • 2 a 3 colheres de sopa de açúcar
  • 1 colher de chá de sal
  • 8 gemas

Recheio

  • 1 kg de nozes trituradas (costumamos triturar cerca de 70% mais fino, e o resto, 30%, deixamos mais grosso, do tamanho, por exemplo, de um amendoim. Isso dá mais crocância à potica.
  • 300 gramas de açúcar ou mel (essas quantidades podem ser aumentadas ou diminuídas de acordo com o gosto)
  • 100 ml de leite ou 1 caixinha de creme de leite
  • 2 envelopes de açúcar com baunilha (pode-se colocar extrato de baunilha a gosto) – isso é opcional.
  • Raspa de um limão siciliano
  • Canela em pó quanto baste
  • Claras (dos oito ovos) batidas em neve
  • 2 colheres de sopa de Rum (também pode variar de acordo com o gosto)
  • 120 gramas de manteiga (será usada para espalhar sobre a massa aberta antes de espalhar o recheio)

Misturar em uma vasilha grande as nozes moídas, o açúcar ou mel, 100 ml de leite, o açúcar com baunilha, a raspa de limão, o rum e as claras de ovos batidas em neve. Essas devem ser incorporadas, misturadas ao recheio lentamente para não perderem a aeração.

Preparo da massa

Colocar em uma vasilha pequena o fermento, 1 colher de chá de açúcar, 3 colheres de sopa de leite morno. Diluir bem o fermento nessa mistura e deixar repousar por cerca de 10 minutos. Isso serve para “acordar” o fermento que estava resfriado ou congelado.

Após esse tempo, colocar em uma vasilha maior 750 gramas de farinha (o restante da farinha serve para ajudar no preparo), a manteiga, 2 ou 3 colheres de sopa de açúcar, 1 colher de chá de sal, 8 gemas e o fermento anteriormente preparado. Misture bem e vá acrescentando os 400 ml de leite morno até que a massa desgrude da mão e possa ser trabalhada. Faça uma bola com a massa e coloque para crescer em uma vasilha envolta com um pano grosso, as vezes um pequeno cobertor. A ideia e manter a massa aquecida o maior tempo possível.

Após cerca de 30 a 40 minutos a massa deve ter duplicado de tamanho, colocar sobre uma mesa abrir com as mãos ou rolo.

Modo de rechear

Após abrir a massa e deixá-la com cerca de 8 a 10 milímetros de espessura, pincelar sobre ela a manteiga (120 gramas) listada no recheio, derretida, mas não muito quente. Em seguida, espalhar o resto dos ingredientes do recheio já misturados em uma camada uniforme. Enrolar e deixar descansar por mais 30 minutos. Depois de enrolada, colocar na forma e fazer alguns furos na potica de cima até o fundo, usando para isso um palitinho de churrasco, para facilitar a saída de vapor e evitar a formação de bolhas entre as camadas. Finalmente, pincelar com ovos batidos e colocar no forno em fogo médio (180 a 200 graus) por cerca de 50 minutos, reduzindo depois para fogo baixo (120graus) por mais meia hora. Tirar do forno e pulverizar com açúcar de confeiteiro.

Faz parte do texto sobre a Gastronomia de Páscoa Eslovena


(1) Fonte: Livro – Potice Iz Slovenije. Autor Janez Boagataj. Editora Rokus Klet, Ljubljana, 2013.

Elaborado por Valdeir R. Vidrih, professor universitário Esloveno-Brasileiro, “artisan Charcutier”, descendente de família de mestres charcuteiros eslovenos, recebeu duas vezes diploma de reconhecimento e agradecimento da Embaixada da Eslovênia no Brasil por sua colaboração na divulgação da Cultura Gastronômica Eslovena, é autor de livro: A Arte de Fazer Embutidos e Defumados: a tradição de uma família Eslovena. Editora Canal 6. Bauru, 2 edição, 2018.

Publicado em Geral, Notícia | Com a tag , , | 1 Comentário

ŠUNKA

ŠUNKA

Prekajena Šunka (nossa produção doméstica no Brasil)

Šunka pode ser traduzido por um tipo de presunto cozido. Trata-se de uma peça de músculo do traseiro ou dianteiro suíno, as vezes até o lombo, ou ainda a paleta inteira, produzido por meio de um processo de cura, no qual a peça de carne permanece submersa em solução salina e especiarias por vários dias, depois é cozido . Pode ainda ser defumado (prekajena šunka). Como em nossa família na Eslovênia anualmente se produz o famoso e deliciosos presunto cru (pršut), na páscoa é comum substituirmos o šunka do mercado por um presunto do tipo cru ou peça de carne que ainda estava na fase inicial de cura, tipo 3 ou 4 meses. Esses são cozidos, depois presos a uma base de madeira (quando são pernis) onde são fatiados. Esses presuntos, cujo processo de preparo, cura e consumo, apresentaremos no futuro em um texto especialmente dedicado, são basicamente produzidos por meio de um processo de salga seca, iniciado em novembro ou dezembro, na época do Koline, que é quando se abatem os porcos e se preparam muitos embutidos. Também falaremos desse evento em outro artigo.

À mesa de páscoa duas receitas usando šunka são mais comuns: kuhana šunka (presunto cozido) e šunka v testu (presunto enrolado, assado envolto em massa de pão). Vamos apresentar aqui o cozido (figura acima), pois se trata de uma receita bastante simples.

Comercialmente, no Brasil, podemos substituir o šunka por carnes defumadas encontradas em alguns supermercados ou lojas especializadas. O mais comum é o lombo defumado, e pelo chamado tender (se bem que alguns são bastantes industrializados com sabor muito diferente do que seria originalmente o šunka. Mas na falta, serve!

Ingredientes

  • 1 kg de carne defumada (Šunka)
  • ½ cebola média
  • 3 dentes de alhos grossamente amassados
  • 1 cenoura média cortada em pedaços grandes
  • 1 folha de louro pequena
  • 5 grãos de pimenta do reino preta
  • 3 sementes de zimbro (brinjave jagode) – opcional
  • 8 sementes de alcaravia (Kumina) – opcional

Processo de preparo

Se a carne for defumada, muito salgada (no Brasil não é muito comum esse tipo), é bom colocar um dia antes dentro de uma vasilha com água para dessalgar, mantendo dentro da geladeira. Também, se a peça exalar um aroma muito forte de fumaça, pode ser necessário ferve-la em água por alguns minutos antes do preparo final para deixá-la mais suave. Isso depende do gosto de cada um.

Atendidas as ressalvas acima, colocar todos os ingredientes em uma panela com água. Adicione sal se perceber que a carne defumada está com pouco sal. Normalmente, se ela não foi pré-cozida não precisa colocar sal na água. Cozinhe em fogo brando até perceber que a carne já está macia. Isso se faz espetando-a sua superfície com um garfo e puxando para cima. Mas não pode amolecer muito com pena de desfiar ao ser fatiado para servir. Estando cozido, retirar da água, colocar em travessa e servir fatiada. Outra opção é servir assado ao invés de cozido. Se for usado o tender encontrado no mercado nacional essa pode ser uma boa maneira de preparar. Independente da forma de preparo, tradicionalmente o acompanhamento é a raiz forte (hren), sobre o qual escrevemos mais a frente e pão. No entanto, pode ser servido com batata cozida, quebrada, puxada na banha com fundo de cebola e alho (pražen krompir), ou, no limite, purê de batatas, salada de batatas ou outra adaptação a gosto.

Faz parte do texto sobre a Gastronomia de Páscoa Eslovena


Elaborado por Valdeir R. Vidrih, professor universitário Esloveno-Brasileiro, “artisan Charcutier”, descendente de família de mestres charcuteiros eslovenos, recebeu duas vezes diploma de reconhecimento e agradecimento da Embaixada da Eslovênia no Brasil por sua colaboração na divulgação da Cultura Gastronômica Eslovena, é autor de livro: A Arte de Fazer Embutidos e Defumados: a tradição de uma família Eslovena. Editora Canal 6. Bauru, 2 edição, 2018.

Publicado em Geral, Notícia | Com a tag , , | Deixe um comentário

HREN (RAIZ FORTE)

HREN
(RAIZ FORTE)

raiz forte Hren (Armoracia Rusticana)

O preparo dos alimentos da mesa da páscoa eslovena começa no sábado de aleluia, ou antes! É comum para quem andar pelos vilarejos nesse dia, sentir o aroma da potica sendo assada nas casas, isso para os eslovenos tem “cheiro” de festa. Na Sexta-feira Santa ou no Sábado, os camponeses costumam sair para as montanhas, normalmente próximo de suas casas, na busca de um importante item da refeição, o hren (raiz forte), nome científico da planta é Armoracia Rusticana, conhecida desde a Grécia antiga. Ele cresce naturalmente nos campos da Eslovênia. Na cultura popular o hren é visto não só como alimento, mas ainda como responsável por diversos benefícios à saúde, dentre eles: ajudar na perda de peso (termogênico), controle da pressão sanguínea, aliviar condições respiratórias, ajudar na resistência dos ossos, melhorar a imunidade, estimular a digestão, promover a saúde do coração e outros. Há até quem ligue à cura de câncer. Na gastronomia é muito apreciada, em parte da Europa Central e todo o leste como acompanhamento para carnes e embutidos, notadamente os defumados. Em alguns minutos de caminhada pelos campos essas plantas podem ser encontradas. Suas raízes são facilmente arrancadas do chão, e suas folhas eliminadas. Em casa, devem ser bem lavadas, ligeiramente raspadas para tirar uma fina camada superficial externa, e depois raladas, para alguns mais finas, tipo queijo ralado, para outros um pouco mais grosso. Sua raiz quando íntegra não possui sabor ou aroma forte, mas quando é ralada, as enzimas das células rompidas, liberam o alil-isoticianato, com sabor picante e forte. A pasta formada pela raspa é colocada em uma vasilha e preparada de diferentes modos. O mais comum, nos processos caseiros, é a adição de vinagre, ou ovos ralados, formando uma pasta. Seu sabor é forte, picante, aos ser consumido chegando a ser percebido até no interior do nariz. Depois de ralado, se não for consumido logo, o hren perde o aroma e sabor, mudar de cor, escurece. Para que isso não aconteça é preciso adicionar vinagre.

Faz parte do texto sobre a Gastronomia de Páscoa Eslovena


Elaborado por Valdeir R. Vidrih, professor universitário Esloveno-Brasileiro, “artisan Charcutier”, descendente de família de mestres charcuteiros eslovenos, recebeu duas vezes diploma de reconhecimento e agradecimento da Embaixada da Eslovênia no Brasil por sua colaboração na divulgação da Cultura Gastronômica Eslovena, é autor de livro: A Arte de Fazer Embutidos e Defumados: a tradição de uma família Eslovena. Editora Canal 6. Bauru, 2 edição, 2018.

Publicado em Geral, Notícia | Com a tag , , | 1 Comentário

Aulas Online de Esloveno – 1º Semestre de 2020

Aulas Online de Esloveno

Início das Aulas 1º Semestre 2020

16/Março/2020

Aulas On-line patrocinadas pela União dos Eslovenos do Brasil

Oportunidade para todos os nossos membros e simpatizantes iniciar ou aperfeiçoar seus estudos do Idioma Esloveno

————————————-

Turmas & Horários:

Segunda-feira: 17:00 – avançado
18:30 – intermediário

Terça-feira: 17:30 – básico 3
19:00 – básico 2

Quarta-feira – 08:00 – básico 2

Quinta-feira – 19:30 – básico 1

Vagas limitadas: 8 vagas por turma

————————————-

Informações & Inscrição:

Envie e-mail para: aulas@eslovenia.org.br

Indicando: 

  • Nome, telefone e e-mail para contato
  • Turma
  • Caso tenha estudado anteriormente: tempo de estudo e data de último contato com o idioma

Detalhes & Material Didático:

Aulas semanais com 1h:30min de duração

Custo mensal: R$110,00 (alunos no Brasil) ou EUR 25,00 (alunos no Exterior)

Livro didático: R$135,00 + envio Sedex

Dicionário: Esloveno – Português – Marijan Brecelj – Editora Buča – Ljubljana 2017 – 455 pag. Valor: R$150,00 + envio Sedex (em 5x de R$30,00)

Publicado em Aula, Geral, UEB | Com a tag | Deixe um comentário